Meu filho(a) ainda não está falando, a linguagem está atrasada. E agora?

Meu filho(a) ainda não está falando, a linguagem está atrasada. E agora?

27/10/2016

Este vem sendo talvez um dos principais questionamentos de famílias, que começam a perceber que seu filho(a) ainda não está falando, o mais angustiante é quando os pais  recebem como resposta: Cada criança tem seu tempo, ou, é só uma questão de tempo. O tempo sim é importante, porém sabemos que esse tempo terá o seu valor, se ele for preenchido adequadamente. E para isso torna-se crucial que os pais sigam sua intuição, buscando profissionais que possam procurar realmente entender o que pode estar havendo. É preciso entender que o desenvolvimento da linguagem na criança, ocorre de forma complexa e dinâmica, onde é preciso que haja a integridade de algumas áreas que irão se entrelaçar ao longo do desenvolvimento.

 

Vamos falar um pouco sobre o desenvolvimento da linguagem infantil, como tudo começa......

Quando falamos em linguagem a primeira coisa que nos vem em mente é a fala, como se apenas o som articulado pela criança fosse o suficiente para concluirmos a presença da mesma, na verdade também devemos ter em mente, quando nos referimos à Linguagem, se a comunicação com o outro está presente.  

Comunicação esta, que se inicia com a fase pré-linguística desde o primeiro dia de vida, são aqueles momentos e sons característicos do recém-nascido como o de choro, de fome, de dor ou de sono, da sucção do alimento ou do aconchego, que faz com que seus cuidadores tentem decifrar e dar um retorno a ele. É aquele momento em que a mãe entende que o choro do seu bebê está comunicando a ela que ele possa estar, por exemplo, com fome.  Ainda nesta fase pré-linguística o desenvolvimento perceptivo visual e o perceptivo auditivo levam o bebê a construir suas primeiras impressões, o rosto humano surge diante dos seus olhos juntamente com a voz humana no momento da interação, ele começa a discriminar uma voz entre outras, demonstrando preferencia pela voz da mãe, os sons que ele começa a produzir começam a ser imitados pelo adulto.  Segundo Aguado (2005), o bebê começa então, a construir significados das ações e expressões do outro, que começam a ser compartilhados surgindo então, a função comunicativa.  Dentro de seu primeiro ano de vida surgem de forma crescente diversos sons, iniciando pelas vocalizações, passando para o balbucio rudimentar, chegando a produzir por volta dos 5 a 10 meses balbucios formados por sílabas repetidas como /mamama/, /papapa/, /dadada/, começando aparecer por volta dos 12 meses as primeiras palavras, dando início a fase linguística, tema que iremos abordar nas nossas próximas conversas. 

É importante que possamos estar atentos desde o início à integridade da audição e da visão, assim como também ao desenvolvimento neuromotor. O acompanhamento do médico se torna crucial, como também as triagens neonatais que são realizadas no recém-nascido como o teste da Orelhinha e do Olhinho.

O que vimos até aqui segundo Solomon (2016) são os primeiros passos da Climbing the Language Mountain, pois acabamos de ver os primórdios da atenção compartilhada, do engajamento e da comunicação de duas vias, que são peças chaves para o desenvolvimento e aquisição da linguagem. 

Fica aqui a ideia de podermos dar continuidade a esta escalada pela montanha da Linguagem, com os próximos textos que virão...

Celina Gutierrez Loureiro, fonoaudióloga e psicopedagoga, Consultora PLAY PROJECT Brasil do Neuroplaybrasil

 

Referências Bibliográficas:

AGUADO, G. (2005). Dimensões perceptivas, sociais, funcionais e comunicativas do desenvolvimento da Linguagem. In: CHEVRIE-MULLER, Claude; NARBONA, Juan (Orgs). A Linguagem da Criança, aspectos normais e patológicos (pp.71-87). 2ª Ed. Porto Alegre: Artmed.

SOLOMON, Richard. (2016). Climbing The Language Mountain (visit3). In:______ Autism: The Potential Within - The PLAY PROJECT Approach to helping young children with Autism (pp.72-91).  EUA: Lulu Publishing Services.